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segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Tricô

        Tricô, estudo, trabalho, curso, esporte, boates, drogas, bebidas, sorrisos ... seja qual for, temos o nosso.
        Nosso escape, nosso conto, nossos meios de ocupar a mente, de preencher os espaços antes ocupados por móveis velhos, empoeirados e inúteis, mas que não sabemos porque fazem tanta falta quando simplesmente eles saem de cena.
        Ouvi sobre pessimismo, sobre uma geração de poetas que eram pessimistas e negativistas ao extremo. Sem querer ser particular demais, tenho sido essa pessimista. Temos sidos pessimistas, quando os móveis mudam de lugar, pior quando mudamos de casa porque aí entra a saudade. A bendita saudade que pode trazer á memória aquilo que nos dá esperaça, mas que com a mesma rapidez pode nos corroer de dor ou lamento. Será a ambiguidade? [ironia].
        Não creio que optemos por sermos pessimistas. É algo que ocorre dentro de um doloroso processo interno. Passamos então a contar com probabilidades e estatísticas, não ligamos mais pra surpresas ou possíveis milagres. Nos tornamos céticos pro Único capaz de nos expremer até que saia algo bom de nós. Eis o processo, as ocorrências nos conduzem ao pessimismo; o pessimismo nos conduz a secura; a secura nos conduz ao tricô. Fugimos, nos escondemos, mudamos de identidade, de cidade, fazemos plásticas até nos tornarmos de plástico. Tudo por causa do medo.
        Medo... li que quando o Diabo nos põe medo, é porque é ele quem está com medo. Então ele é um completo medroso. Mas isso foi só um comentário muito necessário. Temos medo de encarar, de ter que construir tudo de novo, sinto que a sensação seja semelhante àquela do PC formatado sem que você saiba. É desesperador, apavorante, capaz de nos deixar em choque. Esse medo nos tranca por dentro, o medo do 'em vão' desacredita toda forma de tentar de novo.
         Qualquer um nesse momento deve estar achando que foi uma depressiva nível 5 quem escreveu esse post, mas isso aqui não acontece com os depressivos, acontece com os que estão se deixando morrer, se entregando a uma drogaaaaaa de tricô.
 ...
"Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna; ou melhor, não me pergunto, contesto. A resposta eu sei de cor, está estampada na distância e frieza dos sorrisos, na frouxidão dos abraços, na indiferença dos "Bom dia", quase que sussurrados. Sobra covardia e falta coragem até pra ser feliz."


          Isso aí em cima é parte de um texto que li, apanhei e só depois analisei. E de repente, tudo se esclareceu: somos covardes, desistimos de lutar até pra ser feliz. Não podemos deixar que as situações ponham um ponto final na nossa história, se for preciso faremos não só um PlanoB, mas um alfabeto inteiro de planos, passaremos a vida quebrando a cara ou obtendo experiências; inconcebível é dar todo o crédito de uma mornidão aos móveis empoeirados e velhos.
          Sabe, podemos não ser positivistas ainda, podemos nem estar vivendo este último parágrafo com intensidade, mas a gente vai fazendo assim: caminhando sobre a terra primeiro, depois com o tempo, o nosso tempo, vamos aprendendo a caminhar sobre as águas. O importante é respeitarmos o limite próprio, nosso semáfaro, discernir o verde do vermelho e dar a devida atenção ao amarelo, pois ele é de extrema importancia e se ignorado, podemos não gostar do resultado.
          No todo, vamos aprendendo que tricô serve pra ajudar nas habilidades cirúrgicas; mas nunca como esconderijo e que não podemos exigir mais de nós do que aquilo que Deus quer.
   

Fickdica: "Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar. Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive já morreu."

2 comentários:

  1. Oi Pâm, parabéns pelo belíssimo texto q vc escreveu,vejo no seu jeito de escrever uma certeza e uma paixão pelo q se está falando, um modo claro e despojado de se falar das coisas mais sérias do mundo rsrs, traços q vi só nos poucos colunistas q eu gosto no "O GLOBO", parabéns de novo e digo q vc ganhou mais um fã para o seu Blog !!!!!!!
    Beijão!!!!
    Elton.

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  2. Este doloroso processo interno é uma fase. O fato é que a saudade passa, um dia ela passa, e isto nos apavora. Porque somos fracos e temos necessidade de colocar a culpa em algo que esteje dando errado na nossa vida no que um dia nos atrapalhou. Coitada da saudade. Tão forte mas tão inútil. Ela tenta nos ajudar mas acaba nos deixando melancólicos e chateados com tudo e todos. Esta é como uma droga; viciante.
    Tiramos os móveis, alguns saem sem nossa permissão de tão gastos e velhos. Mas nós gostamos deles, somos apaixonados por eles, queremos de volta; é meu! Mas eles precisam ir embora pra saudade chegar. Não queria ter um hobby, uma válvula de escape, um compromisso e nem usar 1° pessoa mas isto é a vida. Um dia somos desejados, importantes, esperados, somos mais do que o "sufuciente". Mas assim como um móvel saiu da nossa vida nós também fomos um móvel na vida de alguém. E assim como passamos por todo este processo de dor, saudade, perda, este outro móvel em comum passa pelo mesmo processo que "nós". Assim espero, pois pensar desta forma alivia a dor de um comodo vazio.

    Gostaria de ter o prazer de ter um plano B mas já que nã tenho vou dar continuidade ao A; Viver.

    Permita-se!

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